Gant. Fotografia: Empar Sáez |
POESIA D'HIVERN
III
Qui gosaria dir:
seda nacre rosa
perquè ningú no ha teixit amb les seves mans la seda — en dies llargs en fusos llarguers i amb dits fins i sedosos
i ningú no ha collit al marge del matí la rosa — lleu i pesat ganivet de dolçor
perquè el riu ja no és sagrat i per això ni tan sols és riu
perquè el riu ja no és sagrat i per això ni tan sols és riu
i l'univers no brosta de les mans d'un déu del gest i de l'alè d'un déu de l'alegria i de la vehemència d'un déu
i l'home que pensa al marge del destí mira d'obtenir permís de residència a la caserna provisional dels sobrevivents
***
III
Quem ousaria dizer:
Seda nácar rosa
Porque ninguém teceu com suas mãos a seda - em longos dias em
compridos e com finos sedosos dedos
E ninguém colheu na margem da manhã a rosa - leve e pesada faca
de doçura
Pois o rio já não é sagrado e por issonem sequer é rio
E o universo não brota das mãos de um deus do gesto e do sopro de um
deus da alegria e da veemência de um deus
E o homem pensando à margem do destino procura arranjar licença
de residência na caserna provisória dos sobreviventes
Sophia de Mello Breyner Andersen, Geografia (dins: Sophia de Mello Breyner Andresen. Quaderns de Versàlia, VII, 2017)
Traducció de Gabriel de la S. T. Sampol
III
Quem ousaria dizer:
Seda nácar rosa
Porque ninguém teceu com suas mãos a seda - em longos dias em
compridos e com finos sedosos dedos
E ninguém colheu na margem da manhã a rosa - leve e pesada faca
de doçura
Pois o rio já não é sagrado e por issonem sequer é rio
E o universo não brota das mãos de um deus do gesto e do sopro de um
deus da alegria e da veemência de um deus
E o homem pensando à margem do destino procura arranjar licença
de residência na caserna provisória dos sobreviventes
Sophia de Mello Breyner Andersen, Geografia (1967)
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